Lando Farya é artista e professor, viveu cinco anos em Lisboa, onde fez doutorado em pintura. Hoje alterna seu tempo entre Portugal e Brasil. Pintor de formação, utiliza a fotografia como meio especulativo para estabelecer diálogos entre a imagem técnica e uma estética, por assim dizer, pictórica. As viagens são um dos motes importantes de sua poética. Destinos mais ou menos distantes o interessam. Tal investimento revela uma estratégia para, ao perder-se, encontrar-se, redescobrir-se em outras circunstâncias. Em tese, suas andanças ensaiam o mapear de seus destinos para construir novos nexos estéticos e cognitivos, elaborados a partir dos encontros e desencontros que norteiam seus deslocamentos, quer sejam nos recantos do interior do Brasil, nos grandes centros urbanos, nas margens do Ganges ou nas franjas da Bacia da margem sul do Tejo. Orlando distende os limites da eficácia das câmaras que utiliza, recorrendo desde aparelhos muito simples, quanto a câmaras profissionais que conferem muita qualidade às imagens.
Esse espectro de possibilidades técnicas e estéticas, obtidas conforme o equipamento utilizado, interessa ao artista na medida em que ele pretende, de algum modo, tencionar os limites da noção da «boa imagem» e assumir as deficiências e precariedades de algumas de suas fotografias, como potência estética relevante para suas narrativas. O desfoque, a baixa luminosidade, o aspecto flou, a imagem borrada, a presença do pixel, tudo isso se apresenta como recurso estético a ser assimilado, não como deficiência a ser evitada, mas como condição plástica e estruturante da imagem.
*Latitude é a distância do Equador medida ao longo do meridiano de Greenwich. Esta distância mede-se em graus.
Licenciado Artes Plásticas; Especialista em Políticas Públicas (UFES); Conservação de bens culturais Móveis (UFRJ); História da Arte e Arquitetura no Brasil e Mestre em História Social da Cultura (PUC-Rio); Doutor pela Faculdade de Belas Artes Universidade de Lisboa.
Exposições, Salões de arte, Festivais de cinema e vídeo:
XV Salão Carioca, RIOARTE, RJ; XIV Salão Nacional, FUNARTE, RJ; Novíssimos – IBEU, RJ; Heranças contemporâneas – Espaço Universitário, UFES; Conspectus, MAES.ES. Autorretrato: FIESP, SP; Passagens e Itinerários da Arte – Museu Vale, ES; Territórios – MAC Ibirapuera, SP; 13º VideoBrasil – SP; Ano do Brasil na França – Carreau du Temple, Paris; Arte na esfera pública, Teatro de Neuilly, Paris , Université de Marseille. e Maison du Portugal Paris; Berlim + Brasil – Galerie Weisser Elefant, Berlim e Tactile Bosch Studios, Cardiff – UK; Heranças Contemporâneas – MAC,SP; Pintura/Objeto – Itaú Galeria, Brasília; Screening Califórnia – Berkeley University, EUA; 5ª Bienal de vídeo y Nuevas Medias – Santiago, Chile:-. Prêmio PIPA 2017 (indicado). O coração das trevas – Galeria Vieira da Silva, Paris. Sala Ibéria; Cuenca. Galeria Hol, Lödz; Desiderata; Casa, poética do espaço na arte contemporânea, Museu Vale – ES. Outras máscaras, Museu do Carmo- Lisboa: Galeria Ghibert – Florença: Galeria Holz – Lodz: Museu de Évora.
Vitória ES, (1957) – Brasil
Munido de uma câmera digital, o experiente fotógrafo brasileiro de desloca por diferentes localidades do planeta produzindo um imenso arquivo imagético, no qual é possível desvelar as marcas do olhar treinado do pintor, ofício que o artista continua a exercer. Essa particularidade da trajetória de Orlando da Rosa Farya reforça o caráter instigante e reflexivo que suas imagens provocam no interlocutor. Tal como nas séries pintadas, o artista produz seqüências de imagens fotográficas de um mesmo lugar ou indivíduo que persegue nas ruas e estações de metrô, instaurando, a partir dessas seqüências de imagens, uma espécie de narrativa temporal. Depois de algum tempo é o que o autor organiza, cataloga, seleciona e estabelece associações entre os diferentes registros fotográficos. Esse acervo imagético gera séries imagéticas que mostram aspectos inusitados de lugares visitados pelo fotógrafo, que revelam diferentes matizes ou mesmo o caos da paisagem física, humana, arquitetônica e cultural de cidades brasileiras e estrangeiras. Engendra, assim, uma espécie de arquivo ou de inventário fotográfico revelador da dicotomia identidade/não-identidade, num mundo globalizado que submete os indivíduos ao mesmo padrão de gosto e se mostra permeado por determinados estereótipos.
Farya pertence a uma nova cepa de artistas, que extrai do mundo seu manancial de imagens fotográficas, captadas nas ruas de diferentes metrópoles ou seqüestradas sorrateiramente em galerias e museus brasileiros e estrangeiros. Lança um olhar perspicaz sobre as diferentes realidades e espaços geográficos, elegendo e focando aquilo que, por alguma razão, se impõe à sua percepção. Age como o flâneur que transita calma e despreocupadamente pelas ruas, praças e parques, ou se insere na multidão para flagrar fragmentos de uma selva apressada, que se move incessantemente, exibindo trajes insólitos, olhares atônitos ou desolados, gestos e ações incomuns. Penetra nos trens de metrô e nos museus com a câmara oculta perspicazmente sob as vestes para registrar o comportamento dos viajantes e dos turistas estrangeiros no interior dos grandes museus do mundo. O registro tem que ser rápido e não inteiramente controlado pelo autor, como forma de subverter a ordem proibitiva e não despertar a suspeita dos sujeitos fotografados. Flagra figuras desconhecidas de olhares absortos diante das obras de arte, ou no momento em que os turistas procuram de recuperar da exaustão, posicionando-se, não raramente de costas para os grandes mestres da história da arte. Justapõe cenas desfocadas e enquadramentos ambíguos; seqüestra as obras de arte, por meio de registros em close-up, e retratos de indivíduos anônimos, propondo uma espécie de jogo dúbio entre memória e esquecimento, presença e ausência, tempo presente e tempo pretérito, identidade e não-identidade.
Revelando grande coerência e meticulosidade, o interesse de Orlando da Rosa Farya pelo comportamento dos visitantes das exposições de arte é, de alguma maneira, antigo, pois teve início com uma série pictórica denominada Galeria de Gente, que remonta ao início da carreira do artista, na década de 1970. Nessas construções pictóricas que não disfarçam a ironia mordaz do artista, as figuras humanas aparecem em animadas confabulações no interior das galerias de arte, durante a inauguração das mostras, indiferentes às obras que são exibidas. Ao revitalizar o mesmo assunto, agora através do flagrante instantâneo, que se configura como algo convincente ou que problematiza e denuncia a realidade, o autor não esconde que a fotografia, tanto quanto a pintura, pode ser uma construção irônica ou perversa.
Outras vezes adentra os ambientes privados ou de acesso restrito, desvelando, a meia-luz, a intimidade ou o aspecto insólito ou onírico de ambientes miseráveis do interior do Brasil. Evidencia as marcas de uma identidade popular, moldada por um gosto particular, que metaforiza ou subverte os padrões convencionais do chamado gosto erudito.
Em determinadas situações, o artista atua como um detetive, tal é a persistência com que persegue o mesmo transeunte anônimo, flagrando-o absorto em pensamentos ou a olhar não se sabe para onde ou para o quê. A câmera é apontada para os passantes com o mesmo frenesi do movimento, porque a rapidez produz cortes e enquadramentos inusitados e imagens distorcidas ou desmaterializadas, singularidades que tornam esses ícones fotográficos curiosos e instigantes.
Orlando Farya faz da fotografia uma espécie de extensão do olho, da mão e do pincel, criando composições que se assemelham muitas vezes a telas abstratas. O arcabouço estrutural dos enquadramentos e a distribuição de linhas, formas e cores no campo fotográfico guardam estreita relação com a pintura. Expressam a tentativa de captar aspectos da realidade que não são percebidos pelo olhar comum nas ruas das metrópoles urbanas: obras de grafiteiros anônimos, esculturas que permanecem esquecidas em praças e avenidas, o respeito e a compreensão ao espaço do outro. O resultado plástico das imagens aponta para uma espécie de enredamento entre pintura e fotografia, que sinaliza que o autor não delimita onde termina um processo e começa o outro.
Esse pintor/fotógrafo ou fotógrafo/pintor escolhe e se apropria tanto dos ícones da história da arte produzidos por artistas conhecidos e datados, que se encontram no interior dos museus, como de signos gráficos produzidos por anônimos nas ruas e avenidas. Ao embaralhar, deslocar, ampliar, sobrepor um elenco variado de imagens provenientes de cenários diferenciados, o artista revitaliza e recodifica objetos, imagens e obras que parecem perdidos ou esquecidos no tempo e no espaço. Lança sobre eles um novo olhar, intenção e experiência poética, (re)significando, recodificando e atualizando em suas imagens fotográficas códigos extraídos de diferentes naturezas, ambientes e espaços. O autor justapõe e associa imagens e ícones da mesma natureza ou de naipes diferentes, numa mesma composição/montagem, ampliando em escala gigantesca alguns desses fragmentos do mundo. O resultado é um estranhamento inquietante ou incômodo das composições, ou das formas captadas por Orlando da Rosa Farya, que assumem um caráter insólito e uma absoluta autenticidade.
Almerinda Lopes
Vitória, abril 2008.
ALMERINDA LOPES Graduação em Licenciatura Em Desenho e Plástica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1976), mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo, professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo, professor titular da Universidade Federal do Espírito Santo, professor titular da Universidade Federal do Espírito Santo, professor titular da Universidade Federal do Espírito Santo, membro do comitê área de artes – ca-ac do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em História da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: arte contemporânea, arte e política, análise de mérito, arte e crítica e arte conceitual.
realização
APOIO
Lando Farya é artista e professor, viveu cinco anos em Lisboa, onde fez doutorado em pintura. Hoje alterna seu tempo entre Portugal e Brasil. Pintor de formação, utiliza a fotografia como meio especulativo para estabelecer diálogos entre a imagem técnica e uma estética, por assim dizer, pictórica. As viagens são um dos motes importantes de sua poética. Destinos mais ou menos distantes o interessam. Tal investimento revela uma estratégia para, ao perder-se, encontrar-se, redescobrir-se em outras circunstâncias. Em tese, suas andanças ensaiam o mapear de seus destinos para construir novos nexos estéticos e cognitivos, elaborados a partir dos encontros e desencontros que norteiam seus deslocamentos, quer sejam nos recantos do interior do Brasil, nos grandes centros urbanos, nas margens do Ganges ou nas franjas da Bacia da margem sul do Tejo. Orlando distende os limites da eficácia das câmaras que utiliza, recorrendo desde aparelhos muito simples, quanto a câmaras profissionais que conferem muita qualidade às imagens.
Esse espectro de possibilidades técnicas e estéticas, obtidas conforme o equipamento utilizado, interessa ao artista na medida em que ele pretende, de algum modo, tencionar os limites da noção da «boa imagem» e assumir as deficiências e precariedades de algumas de suas fotografias, como potência estética relevante para suas narrativas. O desfoque, a baixa luminosidade, o aspecto flou, a imagem borrada, a presença do pixel, tudo isso se apresenta como recurso estético a ser assimilado, não como deficiência a ser evitada, mas como condição plástica e estruturante da imagem.
*Latitude é a distância do Equador medida ao longo do meridiano de Greenwich. Esta distância mede-se em graus.
Licenciado Artes Plásticas; Especialista em Políticas Públicas (UFES); Conservação de bens culturais Móveis (UFRJ); História da Arte e Arquitetura no Brasil e Mestre em História Social da Cultura (PUC-Rio); Doutor pela Faculdade de Belas Artes Universidade de Lisboa.
Exposições, Salões de arte, Festivais de cinema e vídeo:
XV Salão Carioca, RIOARTE, RJ; XIV Salão Nacional, FUNARTE, RJ; Novíssimos – IBEU, RJ; Heranças contemporâneas – Espaço Universitário, UFES; Conspectus, MAES.ES. Autorretrato: FIESP, SP; Passagens e Itinerários da Arte – Museu Vale, ES; Territórios – MAC Ibirapuera, SP; 13º VideoBrasil – SP; Ano do Brasil na França – Carreau du Temple, Paris; Arte na esfera pública, Teatro de Neuilly, Paris , Université de Marseille. e Maison du Portugal Paris; Berlim + Brasil – Galerie Weisser Elefant, Berlim e Tactile Bosch Studios, Cardiff – UK; Heranças Contemporâneas – MAC,SP; Pintura/Objeto – Itaú Galeria, Brasília; Screening Califórnia – Berkeley University, EUA; 5ª Bienal de vídeo y Nuevas Medias – Santiago, Chile:-. Prêmio PIPA 2017 (indicado). O coração das trevas – Galeria Vieira da Silva, Paris. Sala Ibéria; Cuenca. Galeria Hol, Lödz; Desiderata; Casa, poética do espaço na arte contemporânea, Museu Vale – ES. Outras máscaras, Museu do Carmo- Lisboa: Galeria Ghibert – Florença: Galeria Holz – Lodz: Museu de Évora.
Vitória ES, (1957) – Brasil
Munido de uma câmera digital, o experiente fotógrafo brasileiro de desloca por diferentes localidades do planeta produzindo um imenso arquivo imagético, no qual é possível desvelar as marcas do olhar treinado do pintor, ofício que o artista continua a exercer. Essa particularidade da trajetória de Orlando da Rosa Farya reforça o caráter instigante e reflexivo que suas imagens provocam no interlocutor. Tal como nas séries pintadas, o artista produz seqüências de imagens fotográficas de um mesmo lugar ou indivíduo que persegue nas ruas e estações de metrô, instaurando, a partir dessas seqüências de imagens, uma espécie de narrativa temporal. Depois de algum tempo é o que o autor organiza, cataloga, seleciona e estabelece associações entre os diferentes registros fotográficos. Esse acervo imagético gera séries imagéticas que mostram aspectos inusitados de lugares visitados pelo fotógrafo, que revelam diferentes matizes ou mesmo o caos da paisagem física, humana, arquitetônica e cultural de cidades brasileiras e estrangeiras. Engendra, assim, uma espécie de arquivo ou de inventário fotográfico revelador da dicotomia identidade/não-identidade, num mundo globalizado que submete os indivíduos ao mesmo padrão de gosto e se mostra permeado por determinados estereótipos.
Farya pertence a uma nova cepa de artistas, que extrai do mundo seu manancial de imagens fotográficas, captadas nas ruas de diferentes metrópoles ou seqüestradas sorrateiramente em galerias e museus brasileiros e estrangeiros. Lança um olhar perspicaz sobre as diferentes realidades e espaços geográficos, elegendo e focando aquilo que, por alguma razão, se impõe à sua percepção. Age como o flâneur que transita calma e despreocupadamente pelas ruas, praças e parques, ou se insere na multidão para flagrar fragmentos de uma selva apressada, que se move incessantemente, exibindo trajes insólitos, olhares atônitos ou desolados, gestos e ações incomuns. Penetra nos trens de metrô e nos museus com a câmara oculta perspicazmente sob as vestes para registrar o comportamento dos viajantes e dos turistas estrangeiros no interior dos grandes museus do mundo. O registro tem que ser rápido e não inteiramente controlado pelo autor, como forma de subverter a ordem proibitiva e não despertar a suspeita dos sujeitos fotografados. Flagra figuras desconhecidas de olhares absortos diante das obras de arte, ou no momento em que os turistas procuram de recuperar da exaustão, posicionando-se, não raramente de costas para os grandes mestres da história da arte. Justapõe cenas desfocadas e enquadramentos ambíguos; seqüestra as obras de arte, por meio de registros em close-up, e retratos de indivíduos anônimos, propondo uma espécie de jogo dúbio entre memória e esquecimento, presença e ausência, tempo presente e tempo pretérito, identidade e não-identidade.
Revelando grande coerência e meticulosidade, o interesse de Orlando da Rosa Farya pelo comportamento dos visitantes das exposições de arte é, de alguma maneira, antigo, pois teve início com uma série pictórica denominada Galeria de Gente, que remonta ao início da carreira do artista, na década de 1970. Nessas construções pictóricas que não disfarçam a ironia mordaz do artista, as figuras humanas aparecem em animadas confabulações no interior das galerias de arte, durante a inauguração das mostras, indiferentes às obras que são exibidas. Ao revitalizar o mesmo assunto, agora através do flagrante instantâneo, que se configura como algo convincente ou que problematiza e denuncia a realidade, o autor não esconde que a fotografia, tanto quanto a pintura, pode ser uma construção irônica ou perversa.
Outras vezes adentra os ambientes privados ou de acesso restrito, desvelando, a meia-luz, a intimidade ou o aspecto insólito ou onírico de ambientes miseráveis do interior do Brasil. Evidencia as marcas de uma identidade popular, moldada por um gosto particular, que metaforiza ou subverte os padrões convencionais do chamado gosto erudito.
Em determinadas situações, o artista atua como um detetive, tal é a persistência com que persegue o mesmo transeunte anônimo, flagrando-o absorto em pensamentos ou a olhar não se sabe para onde ou para o quê. A câmera é apontada para os passantes com o mesmo frenesi do movimento, porque a rapidez produz cortes e enquadramentos inusitados e imagens distorcidas ou desmaterializadas, singularidades que tornam esses ícones fotográficos curiosos e instigantes.
Orlando Farya faz da fotografia uma espécie de extensão do olho, da mão e do pincel, criando composições que se assemelham muitas vezes a telas abstratas. O arcabouço estrutural dos enquadramentos e a distribuição de linhas, formas e cores no campo fotográfico guardam estreita relação com a pintura. Expressam a tentativa de captar aspectos da realidade que não são percebidos pelo olhar comum nas ruas das metrópoles urbanas: obras de grafiteiros anônimos, esculturas que permanecem esquecidas em praças e avenidas, o respeito e a compreensão ao espaço do outro. O resultado plástico das imagens aponta para uma espécie de enredamento entre pintura e fotografia, que sinaliza que o autor não delimita onde termina um processo e começa o outro.
Esse pintor/fotógrafo ou fotógrafo/pintor escolhe e se apropria tanto dos ícones da história da arte produzidos por artistas conhecidos e datados, que se encontram no interior dos museus, como de signos gráficos produzidos por anônimos nas ruas e avenidas. Ao embaralhar, deslocar, ampliar, sobrepor um elenco variado de imagens provenientes de cenários diferenciados, o artista revitaliza e recodifica objetos, imagens e obras que parecem perdidos ou esquecidos no tempo e no espaço. Lança sobre eles um novo olhar, intenção e experiência poética, (re)significando, recodificando e atualizando em suas imagens fotográficas códigos extraídos de diferentes naturezas, ambientes e espaços. O autor justapõe e associa imagens e ícones da mesma natureza ou de naipes diferentes, numa mesma composição/montagem, ampliando em escala gigantesca alguns desses fragmentos do mundo. O resultado é um estranhamento inquietante ou incômodo das composições, ou das formas captadas por Orlando da Rosa Farya, que assumem um caráter insólito e uma absoluta autenticidade.
Almerinda Lopes
Vitória, abril 2008.
ALMERINDA LOPES Graduação em Licenciatura Em Desenho e Plástica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1976), mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo, professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo, professor titular da Universidade Federal do Espírito Santo, professor titular da Universidade Federal do Espírito Santo, professor titular da Universidade Federal do Espírito Santo, membro do comitê área de artes – ca-ac do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em História da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: arte contemporânea, arte e política, análise de mérito, arte e crítica e arte conceitual.